A AsBEA-SC promoveu esta semana mais uma edição do Encontro Criativo, reunindo seus associados para discutir o tema “Arquitetura inteligente – como a Inteligência Artificial vai transformar seu escritório”. A palestra foi conduzida pelo engenheiro Vinicius Ragghianti, especialista em Gestão de Projetos e idealizador do Método RGT – Resolução Global de Tarefas, framework que aplica inteligência artificial generativa para automatizar tarefas repetitivas e otimizar fluxos de trabalho. O evento foi realizado terça-feira, dia 9 de setembro, no auditório da Unisul, em Florianópolis.
Engenheiro Sanitarista e Ambiental formado pela UFSC, com MBA em Gerenciamento de Projetos pela FGV e também bacharel em Direito, Vinicius Ragghianti atua há mais de uma década com projetos de infraestrutura, saneamento e consultoria técnica em inovação e sustentabilidade. Desde 2022, vem capacitando profissionais por meio de cursos, mentorias e palestras práticas, com o propósito de integrar a IA generativa ao cotidiano de escritórios e empresas.
“Este é um tema de grande relevância para nossos associados, pois as ferramentas de Inteligência Artificial podem ser importantes aliadas no gerenciamento do escritório e no dia a dia dos projetos de arquitetura, otimizando processos e aumentando a eficiência”, destacou a arquiteta Maria Aparecida Cury Figueiredo, presidente da AsBEA-SC, enfatizando o compromisso desta gestão de realizar eventos com conteúdo de qualidade que contribuam para o aprimoramento do trabalho dos nossos associados.
“Estagiário de alto nível”
Durante a apresentação, Vinicius Ragghianti destacou que a IA generativa é uma ferramenta poderosa, mas não deve ser usada como fonte de conhecimento absoluto, pois pode apresentar limitações, vieses e até “alucinações”, isto é, respostas incorretas escritas com tom de confiabilidade, como um potente “gerador de lero lero”. “Ela pode simular jurisprudências jurídicas que nunca existiram e apresentar cálculos aproximados, mas incorretos, com diferenças de milhões. Por isso, nunca devemos confiar cegamente: a IA deve ser vista como um estagiário de alto nível, que entrega a primeira versão, a qual precisa ser validada pelo profissional”, explicou.
E reforçou que esse “estagiário de alto nível” é capaz de acelerar tarefas burocráticas e repetitivas; contudo, sempre precisa ser orientado e supervisionado pelo profissional. “A gente nunca deve usar a IA generativa, o ChatGPT ou qualquer outra ferramenta, na perspectiva de que ela vai ensinar algo para a gente. É o contrário: somos nós que ensinamos o que a ferramenta deve fazer, dando as instruções corretas para que ela entregue o resultado esperado”, afirmou.
Entre os exemplos apresentados, o palestrante demonstrou ações práticas que podem ser executadas com o ChatGPT, da OpenAI, e com outras ferramentas, como a “Nano Banana”, recentemente lançada pelo Gemini, chatbot de IA da Google. São elas:
- Preencher formulários de licitação em minutos, a partir de dados básicos da empresa.
- Analisar fotografias de obras e identificar o uso (ou ausência) de equipamentos de segurança, agilizando relatórios de acompanhamento.
- Escrever códigos e scripts para AutoCAD, capazes de automatizar tarefas como desenho de plantas paramétricas ou edição de selos em dezenas de pranchas de projeto.
- Estimar insumos de obra em tempo real, como quantidade aproximada de tijolos a partir de uma planta, oferecendo agilidade em reuniões com clientes.
- Gerar imagens e estudos conceituais de arquitetura a partir de descrições textuais, ampliando possibilidades criativas em fases iniciais de projeto.
Essas aplicações, segundo o palestrante, não eliminam postos de trabalho, mas reposicionam os profissionais, liberando-os de tarefas burocráticas para se dedicarem às etapas mais estratégicas e criativas da arquitetura.